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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando-a a 14,25% ao ano – o maior nível desde 2016 –, gerou críticas de diversas entidades representativas dos setores industrial, comercial e de construção. As associações argumentam que a medida pode prejudicar ainda mais a economia brasileira, dificultando investimentos, consumo e geração de empregos.

Impactos econômicos da alta dos juros

Para a **Confederação Nacional da Indústria (CNI)**, o aumento da Selic não é necessário para controlar a inflação e poderá comprometer o ritmo de crescimento econômico. A entidade destaca que o BC desconsiderou fatores como a queda do dólar e do preço do petróleo, que já contribuem para aliviar pressões inflacionárias.

“Juros mais altos significam crédito mais caro para empresas e consumidores. No caso das empresas, isso inviabiliza investimentos e dificulta o acesso a recursos de capital de giro, essenciais para as operações diárias. Como consequência, as empresas crescem menos e criam menos empregos, prejudicando a população”, afirmou a CNI em nota.

Para os consumidores, os juros elevados encarecem bens de maior valor, como automóveis e eletrodomésticos, que frequentemente dependem de financiamento. Esse cenário tende a reduzir o poder de compra das famílias e desacelerar o consumo, vital para a retomada econômica.

Desafios para indústria e comércio

A **Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)** reforça que a elevação da Selic torna o ambiente econômico ainda mais desafiador para setores estratégicos, como a indústria, cuja produção encontra-se 16% abaixo do seu pico histórico. Para a Firjan, subir os juros não deve ser a única solução para conter a inflação.

“A implementação de uma reforma das contas públicas, crível e focada na otimização dos gastos, é essencial para evitar pressões cambiais e garantir maior eficiência na atuação do Estado na economia”, pontuou a entidade.

Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) reconhece a necessidade de medidas para reduzir a pressão inflacionária, mas critica os efeitos colaterais da alta dos juros. “A medida intensifica os desafios enfrentados pela economia brasileira. Para que a taxa Selic seja reduzida de forma perene nos próximos anos, é fundamental adotar responsabilidade fiscal e maior controle do gasto público”, avaliou a associação.

Comércio alerta para riscos ao consumo e empregos

A **Associação Paulista de Supermercados (Apas)** também manifestou descontentamento com a decisão do Copom. Segundo Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas, a postura do BC deveria ter sido mais parcimoniosa para não prejudicar a produção, o consumo e os investimentos domésticos.

“O Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo, e essa nova elevação da Selic torna ainda mais difícil fomentar o nível de investimento necessário para o país se manter competitivo internacionalmente, especialmente em um cenário de neoprotecionismo. Além disso, os impactos sobre os empregos e o consumo das famílias são extremamente negativos”, destacou.

A Apas defende que o controle inflacionário deve ser alcançado por meio de um conjunto de medidas econômicas, e não apenas pela elevação da taxa de juros.

Pedido por políticas complementares

As entidades convergem em um ponto: a necessidade de políticas públicas complementares para reduzir vulnerabilidades internas e promover maior estabilidade econômica. Responsabilidade fiscal, controle de gastos públicos e reformas estruturais são apontados como caminhos essenciais para criar um ambiente mais favorável ao crescimento sustentável e à redução da dependência de altas taxas de juros.

Enquanto isso, o aumento da Selic continua a gerar debates sobre seus efeitos práticos e sua eficácia em um contexto de incertezas globais e desafios internos.

Fonte: Construa Negócios