Segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação das obras de infraestrutura no valor da atividade da construção civil em 2019 foi de 32,2%, queda de 11,9 pontos percentuais em relação a 2010 (44,1%), passando do primeiro para o segundo lugar em valor total.

No mesmo período, a construção de edifícios passou a ser o segmento mais representativo no setor, crescendo de 39,1% para 44,2%. Essa inversão foi verificada em 2012 e se acentuou em 2015, mantendo proporções parecidas desde então. Os serviços especializados ficaram em terceiro lugar, também com aumento na participação, passando de 16,8% em 2010 para 23,6% em 2019.

Segundo a pesquisa, a diminuição da infraestrutura pode estar associada à queda da participação do setor público, que passou de 41,4% em 2010 para 30,3% em 2019, já que o investimento necessário para o setor é muito elevado, assim como a incerteza. Essa mudança reflete também o fim do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o início da modalidade Parcerias Público-Privadas (PPP).

O valor total gerado pelo setor da construção em 2019 foi de R$ 288 bilhões. Desse montante, R$ 273,8 bilhões foram movimentados em obras e serviços de construção e R$ 14,2 bilhões em incorporações.

Em 2019, o setor englobou 125,1 mil empresas ativas, onde trabalharam cerca de 1,91 milhão de pessoas, alta de 1,7% frente a 2018. Um total de R$ 56,8 bilhões foi pago em salários, remunerações e retiradas, o que representa 2,7% de aumento real na mesma comparação. É o primeiro resultado positivo desde 2014 para os dois indicadores.

Entretanto, na comparação entre 2019 e 2014, o número de pessoas ocupadas é 34,2% menor, e o total de salários, remunerações e retiradas caiu 41,6%, segundo o IBGE. Na comparação decenal, o porte médio caiu de 32 para 15, entre 2010 e 2019, e a média salarial foi de 2,6 para 2,3 salários mínimos, no mesmo período.

Com relação ao tipo de obra ou serviço especializado, enquanto em 2010 o primeiro lugar ficava com a construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais, com 21%, em 2019 o grupo passou para o terceiro lugar, com participação de 16,2%. O primeiro lugar foi ocupado pelas obras residenciais, que ficavam em segundo com 20,6%, e subiram para 25,7%. Serviços especializados para construção passaram do terceiro (15,4%) para o segundo (19,8%).

O aumento do crédito imobiliário e dos programas de habitação popular que ocorreram no período, além do aumento do poder de compra das famílias, foram fatores determinantes para o aumento nas obras residenciais.

Fonte: AECWeb