Último a ultrapassar o patamar de fevereiro de 2020, marco do pré-pandemia, o setor de serviços, hoje, tem patamar de operação em situação melhor que o da indústria e do comércio, mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta quinta-feira (15) – a última entre as três pesquisas conjunturais do IBGE divulgadas para o mês de abril – mostra que o setor está 10,5% acima do patamar de fevereiro de 2020. O comércio, por sua vez, está 4,4% acima daquele nível, enquanto a indústria se encontra 2% abaixo.

“O comércio foi o primeiro setor a ultrapassar o patamar de fevereiro de 2020, já em julho daquele ano. Logo depois, em setembro, o setor industrial ultrapassou, enquanto o setor de serviços demorou um pouco mais [apenas em junho de 2021]. Isso porque tem muitas atividades de caráter presencial e a pandemia afetou de maneira mais dura essas atividades”, afirma o gerente da PMS, Rodrigo Lobo.

Esse movimento de recuperação do setor de serviços foi puxado principalmente, lembra ele, pelos serviços de tecnologia da informação e pelo transporte de cargas. No primeiro, houve aumento de demanda por serviços como programas para trabalho remoto e armazenagem em nuvem, por exemplo. Já o segundo foi influenciado positivamente pelo crescimento do comércio eletrônico e também da produção agrícola.

“O setor de serviços, depois que ultrapassa o patamar de fevereiro de 2020, tem um crescimento sustentado principalmente por causa dos dois motores, os serviços de tecnologia da informação e de transportes de cargas. Ambos são serviços voltados às empresas e não às famílias”, diz.

A indústria, por sua vez, depois dessa primeira etapa de recuperação, começa a ter perdas por causa do desarranjo da cadeia produtiva – como falta de insumos ou custo mais elevado – e por questões ligadas à demanda, como mercado de trabalho em crise, inflação elevada e depois pelos juros altos.

Na comparação com o ponto mais alto das respectivas séries históricas de suas pesquisas, a indústria também é a que se encontra em pior situação. O setor industrial está 18,5% abaixo de maio de 2011 – ponto mais alto da série —, enquanto o comércio está 1,9% abaixo desse ápice — de outubro de 2020 — e os serviços se encontram 2,9% do ponto mais alto da série histórica, alcançado em dezembro de 2022.

“A indústria, depois de ter superado o nível pré-pandemia, vem perdendo folego de lá para cá e opera 18,5% abaixo de maio de 2011. É um ponto distante no tempo”, afirma.

Fonte: Valor