Com o avanço da tecnologia, a desorganização, felizmente, tende a mudar. As empresas que já reconheceram e estão se adaptando a essa transformação devem levar certa vantagem em um futuro próximo, inclusive ganhando destaque na mídia. E uma das maneiras de aumentar e controlar a qualidade de forma estruturada é através de uma auditoria interna.

Os benefícios de uma gestão de qualidade se refletem em vários estágios da construção, como no crescimento da produtividade dos funcionários e no uso de materiais. Tudo isso gera uma forte economia para a obra. Além do que, a auditoria interna também é um dos requisitos para a obtenção da ISO 9001.

Sistema de Gestão de Qualidade: quem deve estar envolvido?

Antes de falar sobre alguns dos tipos de auditoria interna, é imprescindível citar que o Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) deve ser aplicado a todos os processos, sejam eles produtivos ou gerenciais. Portanto, não adianta pensar em qualidade durante o projeto e não ponderar sobre a qualidade dentro do canteiro.

Inclusive, é interessante frisar que muitas empresas têm adotado a utilização de aparelhos, como tablets, para realizar o controle e o acompanhamento da obra nos canteiros.

A qualidade precisa passar por todos os envolvidos — engenheiros, técnicos, pedreiros, carpinteiros. Mesmo que nem todos os profissionais trabalhem diretamente no setor de Qualidade, suas atividades devem estar alinhadas a isso. Portanto, esse controle deve passar pela elaboração do projeto, o planejamento e orçamento da obra, a execução e até pela etapa de venda.

É sempre importante saber que um SGQ, segundo a ISO 9001, tem oito requisitos básicos:

Foco no cliente
Liderança
Envolvimento das pessoas
Abordagem dos processos
Abordagem sistêmica
Melhoria contínua
Decisões baseadas em fatos
Relacionamento com fornecedores
Embora a indústria da construção tenha a particularidade de não repetir suas obras, porque cria, na maioria das vezes, um novo produto (no caso, um novo projeto), a padronização de etapas pode ser replicada de uma edificação para outra. Realizando as mudanças necessárias, isso garante que a próxima tenha sempre uma qualidade maior do que a anterior.

Assim, analisando a diferença de complexidade, os prazos, os custos e a quantidade de funcionários podem ser planejados para as novas obras tendo como base experiências passadas.

Tipos de auditoria interna: quais são relevantes na construção?

Veja, abaixo, alguns tipos de auditoria interna relevantes na construção:

Pré-seleção de empresas com a ISO 9001

Na hora de fechar contrato com fornecedores e parceiros, é possível verificar se eles já passaram por uma auditoria e se possuem o selo de qualidade ISO 9001. Desse modo, existe uma garantia de que as corporações com quem você negocia também estejam com seus processos em dia.

Essa medida pode ser aplicada desde a escolha da empresa de arquitetura que fará os projetos até as terceirizadas para realizar planejamento e orçamento (e, principalmente, com aquelas que atuarão dentro do próprio canteiro, como as empreiteiras).

Auditoria por empresa terceirizada

Se sua corporação não tiver um setor de qualidade, pode-se contratar uma terceirizada para realizar todo o procedimento. É importante ressaltar, no entanto, que a qualidade deve ser um processo contínuo e que uma breve auditoria terceirizada pode não solucionar o problema.

Que fique bem claro: apesar de essa ser uma saída viável em alguns casos, a qualidade não pode ser obtida com esforço zero por parte da própria empresa.

Auditoria interna

É feita pelo próprio departamento de qualidade da construtora ou administradora da obra. Em organizações muito grandes, é praticamente indispensável dispor de um setor especializado gerenciando a qualidade diariamente. A vantagem dessa auditoria em relação à alternativa anterior é de que os funcionários responsáveis por essa função já estão inseridos no dia a dia da corporação e, assim, têm mais facilidade para entrar em contato com os profissionais e realizar as padronizações.

Auditoria feita pelo administrador da obra

Em muitos casos, na construção, uma empresa é encarregada do gerenciamento da obra e outras diversas organizações são contratadas para serviços específicos. Portanto, a companhia administradora pode fazer auditorias nas atividades das terceirizadas durante a execução e cobrar delas as devidas mudanças.

Mini-auditorias internas

Geralmente, são realizadas pelo departamento de Qualidade (em algumas situações, até junto de investidores). Consistem em uma circulação de auditores pelo canteiro para checar se, no dia a dia, tudo aquilo que é decidido pelo setor tem sido realmente cumprido.

Uma obra de alto orçamento pode conter diversas corporações trabalhando conjuntamente. Isso também acontece quando um investidor contrata a administradora da edificação. Muitas vezes, ela dispõe apenas de engenheiros e técnicos, o que exige a admissão de empreiteiras e a terceirização de boa parte dos serviços.

Dessa maneira, é necessário deixar claro aos parceiros como a operação será feita, quanto à realização e à periodicidade das auditorias internas. Lidar com diferentes companhias e funcionários terceirizados é um dos grandes desafios da qualidade na construção.

Infelizmente, as auditorias ainda são vistas com uma conotação ruim, por ser uma prática recorrente apenas após um incidente. Como já mencionamos, uma só obra pode conter diversas empresas. Por isso, é preciso haver o entendimento de que uma auditoria interna não serve para repassar a responsabilidade pelas falhas para os demais parceiros, mas sim para buscar mais qualidade e oportunidades de melhoria.

Como montar um relatório de auditoria interna?

Depois de compreender os tipos existentes e como elas podem funcionar dentro da construção, é hora de perguntar: como efetivamente montar um relatório de auditoria interna?

Bem, o resultado de uma auditoria interna deve conter quatro pontos principais:

Desvios das normas técnicas;
Observações;
Melhorias;
Correções e ações preventivas.
Estes aspectos podem receber outros nomes e até estar em menor ou maior quantidade, dependendo da empresa realizadora e da teoria aplicada. O último tópico, inclusive, costuma ser mais utilizado após a ocorrência de um incidente.

É importante que, em um primeiro momento, o relatório da auditoria interna contenha todas as informações possíveis, principalmente da coleta de dados, para que, posteriormente, elas sejam analisadas com calma.

Etapas de elaboração

Para iniciar, a organização necessita identificar quais das suas atividades têm impacto direto na qualidade da obra e, através disso, elaborar um plano para revisão destas tarefas.

Para cada uma delas, devem ser convocados os colaboradores que conheçam sua execução, para que possam descrevê-la a seu modo. A avaliação, então, deve partir das diferenças encontradas entre os relatos e dos melhores pontos levantados por cada um. Assim, é possível criar uma padronização para que todos atuem igualmente.

Depois disso, é preciso treinar os funcionários que realizam as atividades para que todos efetivamente operem dentro do que a qualidade propôs. Durante a capacitação, os colaboradores podem ser incentivados a apresentar outras sugestões de melhoria.

Quando o procedimento já tiver uma qualidade desejável, seu modo de execução deve ser formalizado em um documento, cujas cópias devem ser distribuídas aos funcionários.

Em seguida, é importante definir quem ficará responsável por fazer auditorias internas periódicas e verificar se tudo está sendo realizado como combinado. Tarefas secundárias podem seguir esse mesmo processo, após as principais já terem sido determinadas.

A auditoria será, então, uma ferramenta de gestão de processos internos para a melhoria contínua, consequentemente afetando também a performance do seu negócio.

Fonte: Revista Construa