A Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) lançou, em outubro de 2018, o estudo “Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez anos”. A análise foi dividida em cinco pilares: déficit habitacional,demanda habitacional, necessidades de recursos, o programa Minha Casa Minha Vida e, por final, impactos dos investimentos.

O estudo levanta dados e projeções sobre o mercado brasileiro sob diferentes períodos: histórico do programa Minha Casa Minha Vida (passado); déficit habitacional na estimativa mais recente (presente); demanda incremental e necessidades de investimentos (futuro). As conclusões do estudo trouxeram os tópicos abaixo:

A concentração das necessidades habitacionais na baixa renda;
A demanda potencial por novas unidades equivalente ao total de domicílios da Califórnia;
A sensibilidade do acesso ao crédito com relação às taxas de juros;
A projeção de hiatos de recursos por fonte de financiamento.

Confira detalhes da análise:

Déficit habitacional

Baseado nos dados de 2017 levantados pela PNAD Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o déficit habitacional brasileirocomporta 7.770.227 unidades. Quando dividido por tipos, chegamos nesses dados: habitação precária, representando 12,4% do total, ou seja, o mesmo que 967.270 unidades; improvisados, com 161.710 unidades, o mesmo que 2,1%; 805.560 unidades são rústicas, 10,4% do total; o maior número de unidades está alocado no grupo de ônus excessivo com aluguel, sendo 3.289.948 de unidades, o mesmo que 42,3% do total; seguem ainda os números abaixo:

Cômodos: 117.350 unidades (1,5%);

Famílias conviventes*: 3.091.949 unidades (39,8%);
Coabitação familiar**: 3.209.299 unidades (41%);
Adensamento excessivo: 303.711 unidades (3,9%).

*O conceito de família convivente é definido por uma família que habita a mesma moradia.

**Já a coabitação familiar existe quando mais de uma família habita a mesma moradia.

Demanda habitacional

De acordo com a projeção desenvolvida pela FGV, em 2027 se estima uma demanda habitacional de 78.984 milhões de domicílios. De acordo com uma análise do perfil distributivo observado entre 2007 e 2017, as famílias que compõe mais de 1 a 3 salários mínimos são a maioria, representando 41% do total; seguido de 20% que recebe de 3 a 5 salários mínimos; depois, com 16%, está a faixa de renda de 1 salário mínimo; com 15% da participação está quem recebe mais de 5 a 10 salários mínimos; por último, quem recebe mais de 10 salários mínimos tem 8% de participação.

Programa Minha Casa, Minha Vida

De 2009 até junho de 2018, foram contratadas 5.311.124 unidades do programa. Sendo que destas, 51,2% são faixa 2; 34,6% representam a faixa 1; 11,9% a faixa 3; e, por final, 2,2% de unidades contratadas para a faixa 1,5 (a mais recente do programa). Com relação aos investimentos, durante o período foram investidos R$ 430.974.000,00.

Fonte: Revista Construa