Após dois anos de altas de dois dígitos, a chamada inflação de “porta de fábrica”, sem impostos e fretes, deve voltar a fechar em um dígito em 2022. O resultado acumulado em 12 meses até novembro de 2022 do Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 4,39%, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (04).

O índice subiu 19,38% em 2020 e 28,45% em 2021. Segundo o gerente de Análise e Metodologia do instituto, Alexandre Brandão, a desaceleração da alta de preços reflete uma reorganização da indústria após os problemas na oferta de matérias-primas trazidos pela pandemia.

“A gente fechou 2022 com crescimento de 28,45% e entrou em 2022 com variações bem menores. A gente não teve nenhum aumento parecido com aqueles 28%. O maior aumento que houve foi em julho de 2022 quando, comparado a dezembro de 2021, a taxa foi de 11,37%. Realmente eu coloco isso muito por conta dessa maior organização da indústria, dos fornecedores com seus clientes. Isso funcionou um pouco melhor”, afirma ele.

Sem confirmar que o desarranjo das cadeias produtivas da indústria ficou para trás, Brandão diz que ainda há situações fora do padrão, a dimensão é diferente do que era observada antes.

“Tem algumas coisas que ainda não estão totalmente dentro do esperado, mas não é nada como foi no início [da pandemia]”, aponta.

Se o ano de 2021 foi marcado por alta dos preços de petróleo e minério de ferro e questões específicas no preço de alimentos no Brasil – como no café e no leite -, diz Brandão, essa situação se normalizou em 2022.

“Esse ano as coisas normalizaram um pouco. Ao longo do ano, houve uma apreciação do real, que traz uma pressão baixista sobre os preços dos produtos que a gente importa. O clima foi mais ameno, o mercado internacional também se ajeitou um pouco mais, então você teve um fluxo de comércio mais razoável, mais dentro do padrão”, afirma.

Fonte: Valor | Globo