As indústrias de máquinas e implementos agrícolas iniciaram uma revisão em suas projeções de crescimento para 2025, diante da retração nas vendas e das condições adversas no setor. Um dos sinais mais claros desse movimento foi a Expointer 2025, onde a comercialização de equipamentos registrou queda de 50% em relação ao ano anterior, totalizando apenas R$ 3,7 milhões em negócios.
De acordo com Fernando Capra, CEO da Baldan, a desaceleração está diretamente ligada ao endividamento dos produtores rurais, somado ao cenário de commodities com preços estabilizados e ao custo de produção elevado. Ele lembra que o primeiro semestre foi mais positivo, marcado pela Agrishow, quando havia expectativas de melhora nos preços internacionais. Contudo, o segundo semestre trouxe mais incertezas, agravadas pelo atraso do Plano Safra e por tensões geopolíticas globais.
Nesse contexto, os agricultores têm priorizado implementos de preparo do solo, considerados itens de menor valor, enquanto a procura por tratores caiu significativamente. Com isso, a previsão de crescimento do setor recuou para 5% em 2025, abaixo dos 10% estimados inicialmente.
Capra destacou que o alto custo do capital tem inviabilizado investimentos em novos equipamentos, forçando empresas do setor a reduzirem e redirecionarem seus investimentos. No caso da Baldan, companhia quase centenária, a operação seguirá em um ritmo mais contido. Para 2026, a expectativa é de continuidade do mesmo cenário, com as taxas de juros elevadas permanecendo como principal barreira para a retomada dos investimentos.