A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) projeta um crescimento de 3,4% nas vendas do setor de máquinas agrícolas em 2026, mesmo sob os efeitos dos juros elevados e das instabilidades internacionais. A estimativa foi divulgada durante a 25ª edição do Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial, na última semana.
Segundo Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), o avanço é considerado modesto, refletindo o cenário de cautela entre os fabricantes. “Esse resultado ainda é influenciado pelo tarifaço e pelas altas taxas de juros”, explicou o executivo.
Durante o encontro, o planejamento estratégico e a diversificação das fontes de crédito foram apontados como fatores essenciais para garantir a competitividade e sustentabilidade das indústrias de máquinas agrícolas no próximo ano.
Desempenho e crédito no setor
O faturamento da indústria de máquinas agrícolas alcançou R$ 62 bilhões em 2024 e deve crescer 10% em 2025, totalizando R$ 68 bilhões. Apesar do desempenho positivo, Oliveira alertou para a baixa renovação de maquinário nos últimos dois anos, o que pode impulsionar uma demanda mais forte no futuro.
Em relação ao financiamento, 50% das vendas da safra 2024/25 contaram com crédito, mas apenas 36% tiveram juros equalizados, bem abaixo dos 60% registrados em períodos anteriores. Nesse contexto, instrumentos como CPR, CRA, LCA e Fiagro apresentaram um aumento expressivo de 315% entre 2022 e 2024, consolidando-se como alternativas importantes ao crédito subsidiado.
Cenário macroeconômico e desafios globais
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, destacou que o agronegócio seguirá como motor da economia brasileira em 2026, com geração estimada em R$ 1,6 trilhão. Ele também alertou para os impactos da instabilidade nos Estados Unidos, das relações comerciais com a China e dos riscos climáticos provocados pelo fenômeno La Niña.
Outros fatores que influenciam o setor incluem a expansão dos biocombustíveis, a recuperação de pastagens degradadas, os gargalos logísticos que ainda afetam a competitividade e a alta dependência de fertilizantes importados, que representam 90% do consumo nacional.