O nível da atividade na indústria da construção civil no Brasil apresentou melhora no segundo trimestre deste ano, saindo de 46,7 para 49,8 pontos, numa escala de 0 a 100. Entretanto, continua inferior ao nível do terceiro trimestre de 2022, quando chegou a 53,6 pontos. O levantamento foi divulgado nesta segunda-feira (31/7) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Embora ainda esteja abaixo de 50 pontos, o que consideramos como negativo, já esteve bem pior no início deste ano”, frisou a economista da entidade, Ieda Vasconcelos.

Um dos fatores para esta melhora foi o crescimento no índice de expectativas dos empresários do setor, chegando a 55 pontos em julho, acima dos 54,3 pontos de junho. Mas ainda abaixo dos 57,5 de um ano antes. O indicador de julho está acima da linha divisória que separa crescimento de redução desde fevereiro deste ano. “Por conta dos juros altos, que ainda permanecem, e da inflação alta, no início deste ano houve uma incerteza maior entre os empresários da construção. Mas agora eles se mostram mais confiantes para os próximos seis meses, principalmente em relação à economia brasileira”, afirma Ieda Vasconcelos.

Outro fator destacado pela economista é a estabilidade nos custos da construção neste ano, embora na média geral o aumento continue superior à inflação oficial do País (IPCA), especialmente por conta da pressão salarial maior no setor. A CBIC destaca que, somente nos últimos três anos, o custo médio do material de construção teve alta de 52%, o dobro do IPCA acumulado no mesmo período. Isto mesmo com o nível de atividade do setor abaixo dos 50 pontos.

O setor registrou em junho o sexto mês seguido neste ano de resultados positivos na geração de empregos. O aumento nas vagas de trabalho da indústria da construção foi de 7% no acumulado dos últimos 12 meses, com o total de 2,590 milhões de postos atualmente. Somente neste ano foram quase 170 mil novos empregos diretos gerados pelo setor. Deste total, 9,8 mil foram gerados em Goiás, o quinto estado com melhor resultado do País.

PIB

Apesar da reação no nível da atividade da indústria da construção civil no segundo trimestre de 2023, a CBIC revisou para baixo, e pela segunda vez, a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor para este ano. No final de 2022, a entidade apontava um aumento de 2,5% em 2023, que passou para 2% em abril e agora é de 1,5%. “O setor está colhendo os frutos amargos da taxa de juros tão elevada por tanto tempo”, frisa Ieda Vasconcelos.

Também contribuiu para a queda na projeção do PIB do setor a demora no anúncio pelo governo federal das novas condições do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Além da redução de lançamentos de empreendimentos nos primeiros meses de 2023 e de recursos da caderneta da poupança para o financiamento imobiliário.

Desta forma, parte do otimismo de empresários do setor decorre de mudanças nas regras de crédito aos consumidores, como elevação no orçamento do FGTS para financiamento habitacional. Os recursos adicionais serão usados para reforço do programa Minha Casa Minha Vida e para a linha de crédito habitacional pró-Cotista.

O setor ainda aguarda que o governo federal anuncie um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), previsto para agosto, além da expectativa pela redução da Taxa Selic. “Para que o cenário mais otimista tenha impacto no PIB do nosso setor é preciso que avancemos nas expectativas para a execução de obras. O programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, demanda um certo tempo para os projetos se tornarem obras. Portanto, acreditamos que haverá maior impacto no PIB da construção a partir do final deste ano, quando devemos ter início da redução dos juros e maiores investimentos na infraestrutura do País”, enfatiza o presidente da CBIC, Renato Correia.

Fonte: A Redação