A inovação tecnológica vem transformando a construção civil em países como o Japão e, cada vez mais, ganha espaço no Brasil. A adoção de novos métodos promete reduzir custos, aumentar a segurança, elevar a produtividade e, ainda, fortalecer a competitividade das empresas que apostam em soluções modernas.
Na orla de Fortaleza, o impacto é visível. A Avenida Beira-Mar se tornou palco de arranha-céus sofisticados e imponentes, fazendo a capital cearense ser comparada à “Dubai do Brasil”, com obras que unem design, luxo e tecnologia de ponta.
Mudança de paradigma: do canteiro à fábrica
Para Gilberto de Freitas, diretor do Instituto de Tecnologias de Industrialização das Edificações (Itie), o setor no Brasil ainda sofre com um modelo ultrapassado, baseado em mão de obra barata e pouco qualificada. Esse sistema gera baixa produtividade, altos riscos, desperdícios e baixa rentabilidade, levando muitos empreiteiros à falência.
A solução, segundo ele, está na construção off-site, que consiste na produção industrializada de módulos e componentes fora do canteiro de obras, permitindo que a etapa final seja apenas a montagem. O modelo diminui a dependência de mão de obra não qualificada, melhora a previsibilidade dos prazos e amplia a sustentabilidade, já que reduz o desperdício de materiais.
“É preciso mudar a mentalidade: menos canteiro, mais fábrica e montagem”, afirma Freitas. “Com menos pressão por mão de obra barata, as empresas poderão remunerar melhor os trabalhadores e investir em tecnologia”.
Construção a seco e steel frame: eficiência e rapidez
Outro modelo que vem ganhando espaço no país é a construção a seco, especialmente com o uso do steel frame. Para Daniel Ramos, gerente regional da Espaço Smart, insistir na alvenaria tradicional é “empilhar tijolos há mais de 200 anos”. Segundo ele, enquanto obras de alvenaria chegam a ter até 30% de desperdício, no steel frame esse índice cai para 1% a 4%.
A técnica, considerada adequada para regiões litorâneas como o Ceará, utiliza aço galvanizado com proteção diferenciada contra a maresia. O método também garante conforto térmico superior e permite prazos muito menores: construções que levariam 18 meses podem ser concluídas em apenas 7.
Embora o custo do metro quadrado do steel frame (R$ 4.029) seja próximo ao da alvenaria (R$ 4.200), Ramos explica que a economia está na rapidez de execução, menor desperdício e durabilidade.
Sustentabilidade e inovação no Ceará
O empresário Beto Studart reforça essa transformação com o projeto BS Steel, descrito como um marco da arquitetura inovadora no Ceará. O empreendimento, que será erguido na esquina das avenidas Virgílio Távora e Santos Dumont, em Fortaleza, aposta no uso de vidro e aço para unir sofisticação, sustentabilidade e eficiência.
Além de reduzir resíduos como madeira e lixo de obra, o projeto prevê uma parceria inédita com universidades, permitindo que estudantes participem de atividades práticas dentro do canteiro, unindo teoria e prática em tempo real.
Segundo Studart, o BS Steel será “um grande símbolo da arquitetura da inovação”, unindo modernidade, preservação ambiental e formação de novos profissionais.