A indústria da construção apresentou em julho de 2025 o melhor desempenho do ano em nível de atividade, segundo a Sondagem Indústria da Construção, divulgada pelo Portal da Indústria. O indicador de atividade superou os meses anteriores e a utilização da capacidade operacional chegou a 68%, o maior índice dos últimos nove meses. O mercado de trabalho também mostrou evolução: o indicador de empregados ultrapassou a barreira dos 50 pontos, atingindo 50,1, desempenho superior ao registrado em 2023 e 2024.
Apesar do avanço, os números de agosto indicam otimismo moderado. As expectativas para atividade e empregos permanecem acima de 50 pontos, mas em seus menores níveis de 2025. O índice de expectativa de empregados recuou para 50,8 pontos, sugerindo crescimento em ritmo mais contido. Já a sondagem sobre novos empreendimentos e serviços manteve-se praticamente estável em 50,1 pontos, enquanto o índice de compras de insumos caiu para 49,8 pontos, sinalizando retração nas aquisições.
Para José Antônio Valente, diretor da Franquia Trans Obra, o cenário reflete maior prudência das empresas diante da economia. Segundo ele, modelos de negócio que ofereçam contratos mais flexíveis, pacotes de máquinas específicas ou soluções que reduzam custos iniciais estarão mais preparados para se destacar. “Mesmo em crescimento moderado, há espaço para consolidação, principalmente para operações com eficiência e proximidade logística”, reforça.
O relatório também apontou queda na confiança empresarial. O ICEI da construção caiu para 45,8 pontos em agosto, o menor patamar do ano, indicando intensificação da falta de confiança. O índice de condições atuais avançou levemente para 43 pontos, mas as expectativas para os próximos seis meses recuaram para 47,2 pontos, revelando percepção mais negativa tanto sobre a economia quanto sobre as próprias empresas.
Outro ponto de atenção foi a intenção de investimento, que caiu pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 40 pontos, o menor nível em 28 meses, desde abril de 2023. Embora ainda esteja acima da média histórica da série (38,1 pontos), o recuo evidencia cautela. Para Valente, esse movimento pode abrir espaço para franquias de locação de equipamentos: “Ao adiar projetos mais robustos, os empresários buscam alternativas menos onerosas. O acesso a máquinas modernas sem grandes aportes pode ser a solução para atravessar esse período de prudência”.